Por: Taisa Barros da Silva Barão, Ana Claudia Zafani Pomin, Bianca de Fatima Gonçalves Barbosa, Daniela Gouveia Ribeiro, Danúbia Cristina Sampaio.
Votuporanga, 2024.
Impact of clinical pharmacy in a philanthropic hospital in the northwest of São Paulo
By: Taisa Barros da Silva Barão1, Ana Claudia Zafani Pomin2, Bianca de Fatima Gonçalves Barbosa2, Daniela Gouveia Ribeiro2, Danúbio Cristina Sampaio2.
Resumo
A farmácia clínica é uma das áreas da profissão farmacêutica voltada à ciência e a prática do uso racional de medicamentos, de forma que cabe ao farmacêutico clínico, a realização do acompanhamento farmacoterapêutico para otimização da terapia medicamentosa. Esse estudo tem como objetivo a análise de forma qualitativa e quantitativa das avaliações de prescrições, assim como as intervenções farmacêuticas realizadas pelo serviço de farmácia clínica de um hospital do noroeste paulista, apresentando taxas de aceitação pela equipe e estratificação por tipo de intervenção, assim como o impacto na farmacoeconomia hospitalar e na segurança do paciente. Trata-se de um estudo transversal seccional realizado no ano de 2023, conduzido pelos farmacêuticos clínicos da instituição. Todos os pacientes acompanhados possuíam uma ficha física e após avaliação farmacêutica diária, todos os dados condizentes eram lançados em planilha excel, que possibilitava a geração de Dashboard, a qual permitiu a apresentação dos dados mensais de forma clara, além da geração de indicadores de eficácia do serviço. Foram avaliadas 4257 prescrições, sendo realizadas 1278 intervenções farmacêuticas gerais, marcando farmacoecomonia no valor de R$ 6048,18 para o ano. O percentual de aceitação pela equipe foi de 75%. Prevaleceram as intervenções para a especialidade intensivista, sendo 854. Com foco no gerenciamento de antimicrobianos, foram 341 intervenções específicas, obteve-se valor considerável farmacoeconomico, R$ 15904,00. O trabalho evidenciou taxa de aceitação importante, principalmente quando comparado com outros estudos, além da economia financeira considerável para a instituição, sem comprometer a segurança dos pacientes atendidos.
Palavras-chave: Farmácia Clínica; Acompanhamento Farmacoterapêutico; Farmacoeconomia; Intervenções Farmacêuticas.
Abstract
Clinical Pharmacy is one of the areas of the pharmaceutical profession focused on the science and practice of the rational use of medicines, so the Clinical Pharmacist is responsible for carrying out pharmacotherapeutic monitoring to optimize drug therapy. This study aims to qualitatively and quantitatively analyze prescription evaluations, as well as pharmaceutical interventions carried out by the clinical pharmacy service of a hospital in the northwest of São Paulo, presenting acceptance rates by the team and stratification by type of intervention, as well as the impact on hospital pharmacoeconomics and patient safety. This is a cross-sectional study carried out in 2023, conducted by the institution’s clinical pharmacists. All patients monitored had a physical form and after daily pharmaceutical assessment, all relevant data was entered into an Excel spreadsheet, which enabled the generation of a Dashboard, which allowed the presentation of monthly data clearly, in addition to the generation of effectiveness indicators. of the service. 4257 prescriptions were evaluated, with 1278 general pharmaceutical interventions carried out, marking a pharmacoeconomy worth R$ 6048.18 for the year. The percentage of acceptance by the team was 75%. Interventions for the intensive care specialty prevailed, 854. With a focus on antimicrobial management, there were 341 specific interventions, obtaining a considerable pharmacoeconomic value, R$ 15,904.00. The work showed an important acceptance rate, especially when compared to other studies, in addition to considerable financial savings for the institution, without compromising the safety of the patients treated.
Keywords: Clinical Pharmacy; Pharmacotherapeutic monitoring; Pharmacoeconomics; Pharmaceutical Interventions.
1 Santa Casa de Misericórdia de Votuporanga. Votuporanga, (SP) São Paulo, Brasil, Coordenadora de Farmácia Clínica. E-mail: taisabarrosdasilva@hotmail.com.
2 Santa Casa de Misericórdia de Votuporanga. Votuporanga, (SP) São Paulo, Brasil, Farmacêutica Clínica. E-mail: farmaciaclinica@santacasavotuporanga.com.br.
INTRODUÇÃO
A realização do acompanhamento farmacoterapêutico é uma atividade do profissional farmacêutico. A farmácia clínica é uma das áreas da profissão voltada à ciência e a prática do uso racional de medicamentos, de forma que cabe ao farmacêutico clínico, amplo conhecimento e capacidade de julgamento para a otimização da farmacoterapia dos pacientes (CRF-SP, 2024).
As atribuições clínicas do farmacêutico são regulamentadas pela RESOLUÇÃO Nº 585 DE 29 DE AGOSTO DE 2013 do Conselho Federal de Farmácia. Dessa forma, essas atividades podem ser desenvolvidas pelo profissional em diferentes instituições de saúde, incluindo hospitais, local onde o trabalho ganha destaque, com cuidado centrado no paciente.
A farmácia clínica realizada em ambiente hospitalar pode agregar diversos impactos positivos para a instituição. O farmacêutico clínico está apto a identificar sinais e sintomas, realizar acompanhamento farmacoterapêutico, orientar o paciente e acompanhante, podendo atuar em conjunto à equipe multiprofissional para a garantia da efetividade do tratamento (CRF-SP, 2024).
A análise de prescrição farmacêutica pode identificar problemas relacionados a medicamentos (PRMs) possibilitando atuação preventiva na terapia medicamentosa, contribuindo para a segurança do paciente (CRUZ; BATISTA; MEURER, 2019). Os erros de prescrição se caracterizam como um tipo de falha de medicação que pode envolver tanto a redação da linha de cuidados, quanto o processo de decisão terapêutica (ISMP- Brasil, 2021). Os PRMs são potencialmente danosos a saúde do paciente, podendo representar um maior custo de serviços ao aumentar o tempo de internação (CRUZ; BATISTA; MEURER, 2019).
Os farmacêuticos clínicos desempenham funções que buscam otimização da terapia medicamentosa, com foco especial na dosagem, monitoramento, detecção de reações adversas a medicamentos e farmacoeconomia, a fim de melhorar os resultados de saúde. O trabalho desse profissional é determinado pelas necessidades e recursos disponíveis na instituição, assim é dependente das rotinas implementadas para o acompanhamento farmacoterapêutico.
A farmácia clínica encontra-se em processo de crescimento, sendo que está clara a necessidade de incluir o profissional farmacêutico nas equipes de saúde, realizando intervenções farmacêuticas para a segurança do paciente e qualidade do cuidado (CRUZ; BATISTA; MEURER, 2019).
O mnemônico FASTHUG-MAIDENS avalia diversos aspectos da terapia e auxilia o farmacêutico clínico na sua validação de prescrição. A ferramenta avalia alimentação, analgesia, sedação, profilaxia de tromboembolismo, delirium, profilaxia de úlcera de estresse, controle da glicemia, conciliação de medicamentos, antimicrobianos, indicação dos medicamentos, doses, eletrólitos, hematologia e exames laboratoriais, ausência de interações medicamentosas, alergias, duplicidades ou reações adversas e datas de parada (LIMA et al., 2021). O profissional pode trabalhar na avaliação da prescrição de antimicrobianos, em que o uso incorreto exerce papel crítico na seleção de micro-organismos resistentes e do risco de superinfecções, além dos custos envolvidos, de forma que é possível evidenciar a farmacoeconomia além da contribuição com o sucesso da terapia.
Devido a maior complexidade das prescrições, encontra-se maior número de PRMs nas UTIs (CRUZ; BATISTA; MEURER, 2019). A unidade de terapia intensiva é considerada um ambiente complexo, que envolve alta tecnologia, e expõe o paciente a um maior risco de eventos adversos. Dessa forma, o profissional farmacêutico clínico é fundamental para garantia da qualidade e segurança da terapia (CFF, 2019).
Os farmacêuticos clínicos que atuam em unidades de terapia intensiva são especialistas que contribuem positivamente no cuidado aos pacientes críticos, focando na avaliação clínica e na farmacoterapia segura e racional dos pacientes, monitorando a prescrição de antimicrobianos, medicamentos vasoativos, eletrólitos, bloqueadores neuromusculares, sedação e analgesia. A resolução 675/2019 regula as atribuições do profissional em unidades de terapia intensiva (LIMA et al., 2021).
Assim, esse estudo tem como objetivo analisar de forma qualitativa e quantitativa as avaliações de prescrições, assim como as intervenções farmacêuticas realizadas pelo serviço de farmácia clínica de um hospital do noroeste paulista, apresentando taxas de aceitação pela equipe e estratificação por tipo de intervenção, assim como o impacto na farmacoeconomia hospitalar e na segurança do paciente.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal seccional realizado no ano de 2023, conduzido pelos farmacêuticos clínicos de um hospital do noroeste paulista. O hospital conta com 214 leitos sendo 20 deles de UTI adulto e 10 de UTI neonatal. São duas unidades de terapia intensiva adulto, uma delas clínica e outra cirúrgica. Para análise e cálculo dos dados foram considerados todos os pacientes avaliados pelos farmacêuticos clínicos no período.
Para possibilitar a coleta das informações, todos os pacientes acompanhados possuíam uma ficha física, composta por itens de preenchimento obrigatório, os quais se caracterizavam como uma adaptação do mnemônico FASTHUG-MAIDENS. Após avaliação farmacêutica diária, todos os dados condizentes eram lançadas em planilha excel composta por diferentes colunas (data, nome do paciente, número de identificação no sistema, setor da internação, intervenção realizada, tipo de intervenção, farmacoeconomia, aceite da intervenção, prescritor responsável, especialidade, farmacêutico responsável pela avaliação, classificação de risco e CID).
A avaliação de prescrições foi realizada por 5 farmacêuticos clínicos, sendo 1 deles com carga horária administrativa (segunda à sexta-feira – 07:00-17:18h) e 4 com carga horária de 12h (07:00-19:00h). O trabalho se estendia aos fins de semana, porém com equipe reduzida devido as folgas dos colaboradores. O trabalho diário dos farmacêuticos clínicos se baseou nas bases de dados DRUG, MEDSCAPE, HANDBOOK, GUIA SANFORD, NEOFAX e bulas do profissional da saúde.
Com o preenchimento de ficha clínica padronizada na instituição, as análises clínicas se fundamentaram na avaliação da hipótese diagnóstica, comorbidades, histórico, alergias, necessidade de reconciliação e validação medicamentosa, capacidade respiratória, necessidade de sedação e curarização, uso de drogas vasoativas, antibioticoterapia, profilaxia de tromboembolismo e profilaxia gástrica, interações medicamentosas além de exames pertinentes a clínica do paciente.
A equipe de farmacêuticos clínicos realizou visitas clínicas diárias e multidisciplinares (duas vezes na semana) aos pacientes em cuidado intensivo adulto. Diariamente a equipe avaliava as prescrições de todos os pacientes das unidades de terapia intensiva adulto, assim como mantinha acompanhamento desses pacientes nas enfermarias, até a alta hospitalar, quando realizaram também orientações farmacêuticas com entrega de panfleto educativo. Além disso, antimicrobianos específicos (Cefazolina, Cefuroxima, Meropenem, Polimixina, Cefepime, Ciprofloxacino, Moxifloxacino, Piperacilina+Tazobactam) tiveram acompanhamento diário de suas dispensações para todos os pacientes da instituição, possibilitando intervenções relacionadas a ajustes de dose e tempo de tratamento. Os antimicrobianos de avaliação diária permitiram a realização de auditorias dos protocolos SEPSE abertos pelos prescritores na instituição; assim a equipe de farmacêuticos clínicos, teve autonomia para notificar falhas do protocolo à infectologista do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar).
O risco da farmacoterapia foi obtido através de questões formuladas pela equipe de farmacêuticos clínicos, para realização da classificação do risco envolvido. O Escore utilizado, envolvia número de itens prescritos, número de itens endovenosos prescritos, número de medicamentos potencialmente perigosos necessários, tipo de nutrição empregada; idade do paciente; presença de disfunção renal ou hepática; imunossupressão; prescrição de alta responsável (demandas para equipe multiprofissional). Todos os pacientes da UTI foram classificados como alto risco, de forma que o escore foi utilizado apenas nas enfermarias; pacientes de baixo risco, receberam alta da equipe de farmácia clínica.
Com auxílio do setor de controladoria da instituição, foi desenvolvida uma Dashboard a partir da planilha de excel preenchida diariamente pelos farmacêuticos clínicos. A Dashboard permitiu a apresentação dos dados mensais de forma clara, além da geração de indicadores de eficácia do serviço.
Considerando que a planilha de excel foi alimentada com o valor economizado (quando aplicável) sobre cada intervenção farmacêutica, foi possível obter valores farmacoeconomicos para cada mês analisado, assim como obter o ticket médio por intervenção.
A Dashboard permitiu a classificação das intervenções por tipo de unidade de internação (estratificando UTI e Enfermaria), risco associado a farmacoterapia gerado a partir de escore desenvolvido pela equipe (Alto, Moderado e Baixo) além da estratificação das intervenções por especialidade médica.
As intervenções farmacêuticas foram feitas presencialmente e via telefone como sugestões à equipe, após análise das prescrições, sendo registradas, posteriormente, nas evoluções farmacêuticas diárias de cada paciente (prontuário eletrônico) e disponíveis para todos os membros da equipe multidisciplinar. Dessa forma, as sugestões foram classificadas como aceitas, não aceitas e aceitas parcialmente; por meio da Dashboard foi possível avaliar a taxa de aceitação e apresentar os resultados a diretoria técnica da instituição.
RESULTADOS
No período de estudo, foram avaliadas 4257 prescrições, sendo realizadas 1278 intervenções farmacêuticas gerais. O percentual de aceitação pela equipe foi de 75%; Foram 958 intervenções aceitas, 190 negadas e 130 aceitas parcialmente. A partir do Gráfico 1 é possível realizar a análise geral.

Gráfico 1
Considerando o perfil de pacientes atendidos pelo Serviço de farmácia clínica na Instituição, fica clara a prevalência da especialidade Intensivista dentre as intervenções realizadas durante o ano, foram 854, conforme ilustra o Gráfico 2.

Gráfico 2
Estratificando por CIDs das respectivas intervenções, fica evidente a predominância do Infarto Agudo do Miocárdio, seguido pelo Acidente Vascular Cerebral Não Especificado (Gráfico 3). Ambos os diagnósticos se relacionam a protocolos gerenciados na instituição e acompanhados pelos farmacêuticos clínicos.

Gráfico 3
O serviço realizou trabalho voltado a farmacoeconomia, de forma que para as 1278 intervenções gerais, registrou o valor de R$ 6048,18 para o ano, assim obteve-se ticket médio de R$ 4,73.
Com foco no gerenciamento de Antimicrobianos utilizados como antibioticoprofilaxia e aqueles de amplo espectro, utilizados nos protocolos SEPSE da instituição, obteve-se valor considerável farmacoeconomico no ano, R$ 15904,00. O valor foi obtido a partir de 341 intervenções específicas dos antimicrobianos em questão, gerando um ticket médio de R$ 46,64. O Gráfico 4 estratifica as intervenções específicas por antimicrobiano, onde é possível verificar 68 intervenções relacionadas apenas a Cefazolina, principal antimicrobiano utilizado para antibioticoprofilaxia cirúrgica.
O Gráfico 5 permite a avaliação das especialidades contempladas com as intervenções relacionadas aos antimicrobianos específicos definidos pela equipe de farmacêuticos clínicos; prevalecem as intervenções da Clínica Geral por não haver priorização por criticidade e quadro clínico e sim pela dispensação do medicamento em específico.

Gráfico 4

Gráfico 5
A partir do mês de dezembro a equipe passou a estratificar as intervenções por tipo, de forma que se evidencia prevalência dos ajustes relacionados à dose, no mês analisado. O mês de dezembro contou com 121 intervenções, sendo 31 relacionadas a dose (ajustes renais e hepáticos além de ajustes de dose gerais), dessa forma 26% das intervenções do mês correspondem a essa classificação. O Gráfico 6 evidencia todos os tipos de intervenções, trabalhadas no estudo.

Gráfico 6
DISCUSSÃO
Trabalhos cooperativos e multidisciplinares nos sistemas de saúde, são cada vez mais necessários e nesse sentido, o farmacêutico clínico é primordial no acompanhamento da farmacoterapia, para segurança do paciente (JUNIOR et al., 2021). Realizando uma comparação entre as prescrições avaliadas no estudo e o número de intervenções farmacêuticas geradas, percebe-se que 30% das prescrições eram passíveis de otimização pelo farmacêutico clínico. Todo o trabalho da equipe foi registrado em prontuário eletrônico, sendo obtidas 7272 evoluções no período analisado, sendo elas de intervenções pontuais ou aquelas provenientes da avaliação diária dos pacientes acompanhados.
No período analisado, a aceitação obtida (75%) para as sugestões da farmácia clínica mostra-se próxima a outros estudos. Vale ressaltar, que a análise crítica das negativas não demostra um padrão único, se caracterizando por flutuarem entre os diferentes tipos de sugestões realizadas pelos profissionais. Um estudo de um hospital universitário, demostrou em sua análise do serviço de farmácia clínica, taxa de aceitação de 70% para suas intervenções (CRUZ; BATISTA; MEURER, 2019).
A classe terapêutica mais trabalhada pelos farmacêuticos clínicos foi a dos antimicrobianos, de forma que a equipe consolidou parceria com a infectologista responsável pelo SCIH da instituição. As atividades buscaram também a auditoria diária dos antimicrobianos utilizados em casos de SEPSE em infecções relacionadas a assistência à saúde. A sepse é um estado em que pode acontecer incapacidade do sistema circulatório em fornecer fluxo sanguíneo apropriado para às necessidades metabólicas dos tecidos e órgãos vitais. (EINSTEIN, 2020). O Stewardship de antimicrobianos é um conjunto de táticas para o gerenciamento e uso racional de antibióticos; se caracteriza como estratégias para enfrentar a atual crise mundial de resistência bacteriana (PEREIRA et al., 2022).
A antibioticoprofilaxia tem sido utilizada por longos períodos, ou ainda, são prescritos antimicrobianos de amplo espectro, o que não oferece benefício suplementar quando não há indicação (PEREIRA et al., 2020). Assim, no presente estudo os ajustes de dose para função renal e tempo da terapia empregada foram alvo das intervenções relacionadas aos antimicrobianos Cefazolina e Cefuroxima, uma vez que se caracterizam como antibioticoprofilaxia padrão na instituição.
Foi evidenciado no mês de dezembro do estudo, prevalência das intervenções relacionadas a dose, de forma que uma análise crítica das mesmas, permite a percepção de falhas nas prescrições de pacientes nefropatas. LIMA et al. (2021), em seu estudo de quatro meses, evidenciou 12,2% das suas intervenções relacionadas a dose, de forma que a prevalência foi para a introdução de medicamentos em prescrição 25,2%. O serviço de farmácia da Universidade Federal de Juiz de Fora, evidenciou a prevalência de intervenções relacionadas a correção e preparo e/ou administração, as quais corresponderam a 28,7% das intervenções do estudo (CRUZ; BATISTA; MEURER, 2019).
No ano de 2023, obteve-se a partir das 1626 intervenções a economia financeira de R$ 21952,18, conforme relatado anteriormente. Seção de análise econômica, a farmacoeconomia, é uma área da saúde a qual contempla segurança, qualidade, eficácia, eficiência e diversos processos com o aspecto de custo econômico. (SILVA et al., 2022). A farmacoeconomia busca opções efetivas e pode contribuir na distribuição dos recursos, sem esquecer a segurança do paciente. MEIRELES et al. (2023), em seu estudo com foco nas intervenções farmacêuticas em UTI, obteve para o trimestre avaliado, economia de R$ 19.225,26; caracterizou-se por ser um estudo onde foram realizadas 696 intervenções farmacêuticas das quais 71,6% foram acatadas.
CONCLUSÃO
Através da farmácia clínica, o profissional farmacêutico desenvolve o trabalho de realização de ajustes e sugestões, por meio da criação de um ambiente favorável e melhoria na terapia medicamentosa empregada em parceria com a equipe multiprofissional.
O estudo evidenciou taxa de aceitação considerável, principalmente quando comparado com outros trabalhos. Demonstrou-se economia financeira importante para a instituição, especialmente quando focado no acompanhamento farmacoterapêutico dos antimicrobianos de amplo espectro, sem comprometer a segurança dos pacientes.
Grande parte das prescrições médicas são passíveis de intervenção farmacêutica ou otimização. A prática farmacêutica no cuidado está em crescimento constante, de forma que cabem análises futuras que comparem a evolução das taxas de aceitação de intervenções pela equipe médica e interdisciplinar, assim como uma análise prolongada da estratificação das intervenções por tipos, avaliando ainda o aspecto farmacoeconômico.
REFERÊNCIAS
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