O sistema de distribuição de medicamentos em hospitais e outras instituições de saúde está diretamente relacionado com a frequência de erros de medicação. Nesse cenário, a população pediátrica torna-se vulnerável aos incidentes relacionados a medicamentos nas instituições de saúde devido a carência de formulações pediátricas disponíveis no mercado e, consequentemente, o uso de medicamentos off label e as pequenas doses prescritas dificultando o preparo e administração. Esses fatores expõem os pacientes pediátricos a ocorrência de eventos adversos. Estes eventos adversos evitáveis, por sua vez, poderão aumentar a morbidades com prolongamento do tempo de internação ou retardamento de sua recuperação. Uma das estratégias para tentar minimizar essas limitações relacionadas à terapia dos pacientes neonatos, auxiliando na oferta de maior segurança ao paciente durante o processo de medicação, é a utilização do sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária (SDMDU). Dentre os sistemas existentes na atualidade, o SDMDU, preferencialmente com recursos de automatização, é considerado o oferece maior segurança ao paciente.
Nesse sistema, os medicamentos são dispensados nas dosagens e formas adequadas para o paciente, prontos para serem administrados pela enfermagem, de acordo com a prescrição médica, num dado período, incluindo a avaliação da prescrição pelo farmacêutico como mais uma barreira para possíveis erros de medicação. Embora esta seja a etapa mais complexa, o procedimento de análise da prescrição antes da preparação dos medicamentos evita que possíveis erros de prescrição tenham seguimento na dispensação e culminem na administração ao paciente. O farmacêutico deve avaliar ainda a compatibilidade dos medicamentos, esquemas posológicos, interações medicamentosas e alimentares, alergias e realizar a conciliação medicamentosa. É importante também analisar as doses mínimas e máximas, bem como alertas de dose conforme parâmetros clínicos do paciente (ex: função renal, hepática, peso, superfície corpórea, entre outros), sempre de acordo com os protocolos institucionais. O ambiente no qual é realizada o preparo e a dispensação de medicamentos deve possuir as condições adequadas, privilegiando a segurança do processo de dispensação. O uso de formas farmacêuticas líquidas para administração oral, como soluções, xaropes e suspensões são de grande importância para pacientes pediátricos, dada a versatilidade para personalização de dose. Algumas estratégias para evitar erros de medicação com formulações líquidas em pediatria é o uso de seringas para administração oral em função da sua maior capacidade de precisão.
Desse modo, o uso de uma solução tecnológica automatizada para fracionamento de líquidos em seringas, na quantidade precisa, conforme prescrição, evitando desperdícios e otimizando o tempo e a entrega tem muitos benefícios para a segurança do paciente e para a economia nas instituições em saúde. A automação em Farmácia Hospitalar está diretamente ligada a economia, pois reduz o tempo envolvido nos processos e retrabalho vinculados às rotinas da farmácia. Os medicamentos representam alto valor financeiro nas instituições e, considerando o cenário financeiro em saúde, com recursos cada vez mais escassos, a busca da economia atrelada a segurança do paciente contribuirá para a sustentabilidade financeira da instituição e segurança no uso racional de medicamentos. Além disso, esse processo traz benefícios para a assistência ao paciente, pois permite que a equipe de enfermagem esteja dedicada aos processos da assistência.
A unitarização de líquidos desse modo é uma melhoria significativa para tornar os processos de farmácia hospitalar mais enxutos e inteligentes, principalmente em reduzir os retrabalhos inerente à unitarização, dispensação e devolução durante toda a trajetória do medicamento na instituição de saúde.
Autor: PAIVA, Núbia de Araújo